sábado, 3 de abril de 2010

Reflexões - Amor ou Felicidade?

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Amor ou Felicidade? - Rev.Flávio Gouvea

“Tristeza não tem fim, felicidade, sim”.
“Papai Noel, vê se você tem a felicidade pra você me dar. Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel, sendo assim felicidade eu pensei que fosse uma brincadeira de papel. Já faz tempo que eu pedi, mas o meu Papai Noel não vem. Com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem”.

As palavras acima fazem parte de músicas populares bem conhecidas por todos nós. Como elas existem milhares no Brasil e no mundo a falar sobre tristeza e a impossibilidade de se encontrar a felicidade.
Certa vez, assisti a uma reportagem na televisão que entrevistava uma mulher cujo único diferencial era que dizia ser feliz. Pensei que talvez quisessem colocá-la num museu por se tratar de algo tão raro.

Quando olhamos para a história do cristianismo, acabamos vendo algo que vai mais além: a felicidade não deve ser buscada, e sim o sofrimento através das penitências. O riso e a felicidade eram identificados como pecado.

Em nosso tempo esse assunto leva nossas mentes a entrarem em “parafuso”. De um lado temos uma cultura “cristã” que nos ensina a penitência e a tristeza e, na verdade, muitos textos bíblicos parecem exigi-la (Mt 5.4; Mc 8.34-38; Fp 1.29; etc.). Por outro lado encontramos doutrinas que vêem o sofrimento como conseqüência do pecado e que arranjam soluções para qualquer tipo de dificuldade, principalmente quando se resolvem problemas financeiros e físicos. E, afinal de contas, não é isto que Deus quer de nós: a felicidade? Será que Deus quer ver-nos tristes? Não devemos dizer às pessoas que buscam a felicidade que a resposta está em Jesus?

9 “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor.
10 Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.
11 Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa.
12 O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei.
(João cap. 15)

No texto lido, encontramos Jesus falando sobre a busca do amor mais uma vez. Esse assunto é repetido várias vezes por Ele, em especial nos escritos de João. E até aqui podemos ver o amor sacrificial, o amor que se entrega a outro sem querer nada em troca. Podemos até usá-las para um belo sermão sobre sofrer por Cristo. Mas dessa vez encontramos uma palavra que nem sempre se vê nas mensagens de Jesus, embora subentendamos isso em muitas passagens:
“Tenho vos dito essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa”. (v. 11)
À vista disso, proponho o seguinte tema para refletirmos:

O que devemos buscar: o amor ou a felicidade?

1) Para que decidir buscar?

• É muito importante que, antes de qualquer coisa, saibamos o que estamos procurando, pois isso vai definir o caminho que vamos tomar. Jesus disse: “onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração”. (Mt 6.21)

• Consciente ou inconscientemente, o ser-humano tem seus “tesouros” para serem buscados. Alguns podem ter sido escolhidos por ele mesmo ou, como acontece geralmente, impostos pela cultura e pela sociedade. De qualquer modo, ele está sempre buscando algo. O ser humano é um eterno insatisfeito. Como disse o pregador: “tudo é vaidade e correr atrás do vento”.

• O caminho que a pessoa escolher vai definir para onde vai, qual seu comportamento e quais seus valores para conseguir o que ele realmente busca.

• Antes de qualquer coisa é preciso definir o que você busca: o amor ou a felicidade?


2) A busca da felicidade.

• A busca da felicidade é o grande tema da humanidade, parece ser a eterna impossibilidade, como vemos nas músicas populares.

• Temos também a impressão de que a felicidade é algo que ninguém sabe o que é, talvez por isso não saibam se já a encontraram ou não. A maior prova disso é a tendência de só valorizarmos algo depois que o perdemos.

• A busca da felicidade em si mesma não é má, o problema é que ela geralmente nos leva ao egoísmo. Pois parece que nossa felicidade sempre é ameaçada pelos outros. E então a busca da felicidade se torna um problema para todos. (Tg 4.1-3)

• O que temos visto em nossa sociedade é a justificativa para os males que fazemos a outros: “eu também tenho o direito de ser feliz”. Embora tenhamos realmente esse direito, geralmente usufruímos dele à parte das pessoas que nos amam e, principalmente, à parte de Deus, como tem sido desde a Queda (Gn 3.1-7).

3) A busca do amor.

• A busca do amor é a ênfase da mensagem de Jesus e é a essência de seu ministério (Rm 5.8). No texto base (vv. 9,10), Jesus insiste não apenas para buscarmos o amor, mas para permanecermos nele. Paulo o apresenta como “um caminho sobremodo excelente” (1 Co 13.1a).

• O amor não vem da tristeza, nem a exige, mas vem da comunhão com Jesus e pela obediência da sua Palavra. Entretanto esse amor geralmente provoca o sofrimento por se tratar de algo estranho ao mundo (vv. 18, 19).

• No sofrimento temos a oportunidade de experimentar o amor de Deus (Rm 8.31-39); e na alegria também (Sl 103).

• Mas, talvez, ainda paire uma dúvida no ar: o que é o amor? Realmente isso é bem difícil de definir, mas não tão difícil de praticar quando já experimentamos o amor de Deus. A Bíblia nos ensina como se vive esse amor; e é disso que precisamos, não de definições (Rm 12.9-21; 1 Co 13).

4) O amor e a felicidade

• Como vimos, o amor é a essência da vida e da mensagem de Jesus. Essa essência é compartilhada conosco pelas palavras de Jesus para que sua alegria esteja em nós, e nossa alegria seja completa (v. 11). É no amor de Jesus que encontramos a verdadeira felicidade.

• Pedro também nos indica uma “fórmula” para a felicidade, que consiste em atitudes de obediência à Palavra de Deus (1 Pe 3.8-12).

• Sendo assim, vemos que nossa busca deve estar concentrada no amor, que poderá nos levar a sofrer (1Co 13.7) e que nos moldará mesmo que isso seja dolorido (Hb 12.11).

• Mas é no amor que encontraremos a verdadeira felicidade, “por que o amor procede de Deus; e todo que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Nossa felicidade está além desse mundo (1 Co 15.18), está em Deus.

Conclusão

Deus quer nossa felicidade sim, mas a verdadeira felicidade, aquela que só Ele conhece e pode nos mostrar, por isso Jesus disse tudo o que disse e fez tudo o que fez (v. 11). Essa felicidade vem do amor de Deus que foi expresso por nós e no qual nós vivemos quando cremos em Cristo.

É hora de reorientarmos nossa vida e procurarmos qual é nosso maior tesouro: a nossa felicidade ou o amor de Deus? Isso vai definir os rumos que nossa vida vai tomar. Quando você tiver alguma decisão a fazer, pense: qual opção me fará mais feliz? Qual exigirá mais amor? – e escolha a que responder à segunda pergunta.

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